O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza disse no
depoimento prestado em 24 de setembro à Procuradoria-Geral da República que o
esquema do mensalão ajudou a bancar “despesas pessoais” de Luiz Inácio Lula da
Silva. Em meio a uma série de acusações, também afirmou que o ex-presidente deu
“ok”, em reunião dentro do Palácio do Planalto, para os empréstimos bancários
que viriam a irrigar os pagamentos de deputados da base aliada.
Valério ainda afirmou que Lula atuou a fim de obter dinheiro
da Portugal Telecom para o PT. Disse que seus advogados são pagos pelo partido.
Também deu detalhes de uma suposta ameaça de morte que teria recebido de Paulo
Okamotto, ex-integrante do governo que hoje dirige o instituto do
ex-presidente, além de ter relatado a montagem de uma suposta “blindagem” de
petistas contra denúncias de corrupção em Santo André na gestão Celso Daniel.
Por fim, acusou outros políticos de terem sido beneficiados pelo chamado
valerioduto, entre eles o senador Humberto Costa (PT-PE).
A existência do depoimento com novas acusações do empresário
mineiro foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo em 1.º de novembro. A
reportagem teve acesso à íntegra do depoimento, assinado pelo advogado do
empresário, o criminalista Marcelo Leonardo, pela subprocuradora da República
Cláudia Sampaio e pela procuradora da República Raquel Branquinho. alério disse
ter passado dinheiro para Lula arcar com “gastos pessoais” bem no início de 2003,
quando o petista já havia assumido a Presidência. Os recursos foram
depositados, segundo o empresário, na conta da empresa de segurança Caso, de
propriedade do ex-assessor da Presidência Freud Godoy, uma espécie de
“faz-tudo” de Lula.
O operador do mensalão afirmou ter havido dois repasses, mas
só especificou um deles, de aproximadamente R$ 100 mil. Segundo o depoimento de
Valério, o dinheiro tinha Lula como destinatário. Não há detalhes sobre quais
seriam os “gastos pessoais” do ex-presidente. inda segundo o depoimento de
setembro, Lula deu o “ok” para que as empresas de Valério pegassem empréstimos
com os bancos BMG e Rural. Segundo concluiu o Supremo, as operações foram
fraudulentas e o dinheiro, usado para comprar apoio político no Congresso no primeiro
mandato do petista na Presidência.
PORTUGAL TELECOM
Em outro episódio avaliado pelo STF, Lula foi novamente
colocado como protagonista por Valério. Segundo o empresário, o ex-presidente
negociou com Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, o repasse de
recursos para o PT. Segundo Valério, Lula e o então ministro da Fazenda,
Antonio Palocci, reuniram-se com Miguel Horta no Planalto e combinaram que uma
fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, transferiria R$ 7 milhões
para o PT. O dinheiro, conforme Valério, entrou pelas contas de publicitários
que prestaram serviços para campanhas petistas.
(Fonte: Estadão)
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