A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra
Cármen Lúcia, espera que os eleitores levem em consideração as
"consequências" de optar por candidatos "ficha suja",
segundo afirmou em entrevista nesta sexta (5) ao G1, portal da Globo (http://m.g1.globo.com/politica/eleicoes/2012/noticia/2012/10/presidente-do-tse-diz-que-ficha-suja-que-recorreu-provavelmente-perdera.html)
A dois dias da votação, 2.152 dos 465.414 candidatos a prefeito e a vereador em
todo o país têm o registro de candidatura questionado no TSE com base na Lei da
Ficha Limpa. Eles aguardam decisão do tribunal sobre se poderão assumir os
cargos caso sejam eleitos.
De acordo com Cármen Lúcia ,
os que impetraram recurso no TSE são candidatos que já tiveram o
registro indeferido pelo juiz de primeiro grau e pelo tribunal regional
eleitoral do estado. Portanto, segundo ela, são grandes as chances de que o
registro de candidatura também seja rejeitado pelos ministros do Tribunal
Superior Eleitoral. “Se ele [candidato] já teve decisão em uma ou duas
instâncias – o juiz eleitoral indeferiu, ele foi ao TRE, e o TRE indeferiu –
ele vem ao TSE. Estando contrário a uma diretriz, provavelmente ele vai perder.
Isso é importante que os eleitores tenham em mente”, disse.
Para a ministra, a tentativa do candidato de recorrer
"é legítima, é direito dele". Mas, segundo Cármen Lúcia, a
consequência do voto "também é preciso ser considerada pelo próprio
eleitor”. Segundo ela, se vetado pelo tribunal, o eleito poderá não tomar
posse. A ministra ressaltou ainda que muitas vezes o político que recorre está
perdendo e quer postergar um resultado negativo. Ela comparou o esforço dos
políticos ficha suja em reverter a impugnação da candidatura a uma partida de
futebol. Segundo a ministra, a lentidão do Judiciário em concluir julgamentos
se deve, em parte, ao excesso de recursos.
“É como um jogo de futebol. Quem está perdendo não quer que
o jogo acabe. Quem tá ganhando diz: ‘Ô seu juiz, como é que é? Está demorando’.
É o mesmo jogo. Quem está perdendo, tem o pedido indeferido. Ele continua
entrando com recurso, com cautelar. Quem está com pedido deferido, coligação ou
partido que eliminou o adversário, está querendo que acabe”, declarou. A
ministra afirmou ainda acreditar que os eleitores estão mais preocupados em
avaliar a “ética” dos candidatos na hora do voto. Segundo ela, a Lei da Ficha
Limpa e julgamentos recentes que resultaram na condenação de políticos
estimularam o brasileiro a melhorar a qualidade do voto.
“E acho que houve um momento de cansaço, em que se alegava
muito que as pessoas não acreditavam que poderia haver punição. Acho que isso
está sendo superado desde a Lei da Ficha Limpa. Nesse ponto, a lei cumpriu um
papel social”, disse a ministra. As eleições municipais ocorrem em meio ao
julgamento pelo Supremo Tribunal Federal do mensalão, suposto esquema de
pagamento de propina a parlamentares da base aliada em troca de apoio ao
governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao todo, 22 dos 37 réus do
processo já sofreram condenações na análise de quatro tópicos da denúncia.
Indagada se o mensalão poderia ter algum efeito nas eleições
municipais, a ministra afirmou: “Acho que a Lei da Ficha Limpa foi mais bem
trabalhada [no sentido de orientar o voto pela ética] fez esse papel. Acho que
o Brasil está caminhando nessa tendência em geral na política.”. Para a
ministra, há "um cansaço" que gera um tipo de comportamento contrário
à ética. "Chega-se a um ponto em que há uma reação. Essa reação eu acho que
no Brasil aconteceu”, afirmou.
ENERGIA E TROPAS
Sobre a eventualidade de uma queda de energia – nesta
semana, "apagões" atingiram vários estados e o Distrito Federal –, a
ministra afirmou que manteve reuniões com o Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS), com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e operadoras
de telefonia para garantir energia elétrica e o funcionamento dos meios de
comunicação. Ela afirmou ainda acreditar que o envio de tropas federais aos
municípios com risco de violência durante as eleições deverá garantir que o
pleito ocorra sem transtornos. "Temos o uso de forças federais, temos
ainda a Polícia Federal, que tem atuado de maneira muito séria e isso sempre
ajuda muito", afirmou.
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