O prefeito Paulo Mustrangi foi denunciado à Justiça Eleitoral, por
uso da máquina pública em sua campanha pela reeleição. O autor da
denúncia, protocolada na 65ª Zona Eleitoral, no dia 28 de setembro, não
se identificou. O assunto foi levado à Câmara Municipal, nesta
terça-feira (2) pelo vereador Silmar Fortes (PMDB), que pediu à Câmara
para também investigar as irregularidades denunciadas. No requerimento à
Justiça, acompanhado do que seriam cópias de documentos oficiais da
Comdep, o denunciante pede investigação e condenação do candidato à
reeleição, pelo PT, pela suposta contratação de mais de 200 servidores
pela empresa Locanty, responsável pela coleta do lixo em Petrópolis, a
maioria dos quais não estaria trabalhando em suas funções, mas prestando
serviços à campanha eleitoral do PT.
O próprio contrato de terceirização despertou suspeitas no vereador
Silmar Fortes. “Sou vereador e não sabia que a Locanty prestava serviços
de terceirização de mão de obra. O que se sabia é que a empresa era
contratada para coletar o lixo na cidade. Agora, há documentos indicando
que ela contratava servidores para o município. É preciso investigar e
esclarecer tudo isso”, defendeu. Segundo a denúncia à Justiça Eleitoral, a Locanty contratou 178
colaboradores de creches, que não estariam em atividade nas unidades de
educação infantil, mas sim na campanha eleitoral petista. Outras dezenas
de pessoas teriam sido contratadas para prestar serviços em setores da
própria Comdep, ao custo de R$ 83 mil mensais. Para o vereador Silmar Fortes, as dúvidas sobre esses contratos devem
ser imediatamente esclarecidas pelo governo municipal. “São questões
gravíssimas. Se confirmadas, envolveriam desvio de recursos públicos
para pagamento de quem não trabalha nos quadros municipais e crime
eleitoral, capaz de influenciar o resultado da eleição. Essa tropa a
serviço de um candidato a vereador desequilibraria o pleito”, disse
Silmar Fortes, em alusão ao fato de o ex-presidente da Comdep, Anderson
Juliano, ser candidato a vereador, pelo PT.
A denúncia ao Tribunal Regional Eleitoral inclui também a
contratação, pela Locanty, de um caminhão que teria sido cedido à
Comdep. O veículo pertenceria a um cunhado do prefeito Paulo Mustrangi,
Márcio José Mendes do Vale, que receberia R$ 27.805 por mês pelo
aluguel. O denunciante junta fotos do veículo e admite que ele presta
efetivamente serviços à Comdep. No entanto, a denúncia afirma que o
contrato de aluguel do veículo foi firmado depois da posse de Paulo
Mustrangi, em 2009, o que representaria nepotismo – favorecimento de
parentes –, proibido por lei. Em nota, o governo municipal considerou que “as denúncias têm como
foco principal tumultuar o pleito eleitoral, pois estão sendo realizadas
por intermédio de um vereador e candidato de um partido de oposição ao
atual governo municipal”. A Companhia de Desenvolvimento de Petrópolis
(Comdep) também esclareceu que todos os funcionários citados na denúncia
pediram demissão da empresa.
Representantes da companhia acrescentaram que a empresa Locanty foi
contratada por intermédio de processos licitatórios. “A empresa mantém
dois contratos de prestação de serviços, referente ao recolhimento do
lixo e realização de capina e roçada no município. Para o recolhimento
do lixo, o contrato foi firmado pelo processo 1016/2009, publicado no
Diário Oficial em 5/09/2009. Para o serviço de capina e roçada, o
contrato 029/2010 foi publicado no Diário Oficial em 18/11/2010. A
Comdep ressalta que em nenhum dos contratos está prevista a cessão de
mão de obra”. Sobre a questão dos auxiliares de creches, a Secretaria de Educação
informou que uma contratação temporária de profissionais foi feita
publicamente através de edital, por tempo determinado, e a substituição
desses profissionais pelos concursados está ocorrendo de forma
gradativa. “Vale destacar que a Secretaria de Educação já solicitou a
convocação dos concursados e está aguardando o cumprimento das etapas da
nomeação (exames médicos, entrega de documentos e escolha de vagas)”,
acrescentou o governo.
A nota termina com um esclarecimento: “Todos os contratos referentes a
veículos seguem rigorosamente a tabela da Empresa de Obras Públicas do
Estado do Rio de Janeiro (Emop), que baliza toda a contratação na área
pública. A tabela é aprovada pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de
Janeiro (TCE-RJ). A Comdep não contrata e nunca contratou nenhuma
carreta de pessoa física. Os contratos são feitos apenas com pessoas
jurídicas e por meio de processo licitatório”.
(Fonte: Tribuna de Petrópolis)
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