A Justiça do Estado do Rio de Janeiro suspendeu na noite
desta quarta-feira o processo de privatização do Maracanã, anteriormente
marcado para ter início nesta quinta-feira. A decisão é da juíza Roseli Nalin,
da 5ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Rio, atendendo a pedido
do MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro). A magistrada afirma
que há "graves indícios de irregularidade" na concorrência que
definirá o futuro administrador o estádio."As provas constantes dos autos
se direcionam a favor da verossimilhança da alegação (do MP-RJ) de que a
concorrência levada a efeito pelo Estado do Rio de Janeiro contém diversas
ilegalidades." Para a Justiça, o governo do Rio de Janeiro não comprovou
de forma clara porque é melhor para o Estado privatizar o estádio, realizando
assim uma PPP (Parceria Público-Privada) com a futura administradora. "O
Poder Público parece ter fabricado um comparativo míope, com o intuito de
justificar a adoção da PPP", critica a juíza, em sua decisão.
A decisão também destaca a falta de informações incluídas no
edital de concessão do Maracanã. De acordo com o conteúdo da decisão judicial,
o que foi disponibilizado aos licitantes e ao público em geral não detalha
todos os projetos que terão de ser levados à frente após a concessão. Tudo isso
tenderia a beneficiar a IMX, empresa do bilionário Eike Batista, que fez o
estudo que baseou o projeto de privatização do Maracanã e que também concorre
pela concessão. Ainda segundo a juíza Roseli Nalin, o prosseguimento da
concorrência poderia gerar vários danos irreparáveis ao Estado. "O
prosseguimento do certame licitatório supostamente viciado envolvendo o
Maracanã e o Maracanãzinho poderá gerar danos de difícil ou mesmo impossível
reparação a toda a coletividade." O MP-RJ entrou nesta terça-feira com uma
ação para suspender a privatização da arena. De acordo com o órgão, algumas
obras previstas no edital da licitação do estádio e de seus anexos não devem
ser realizadas até que se tenha certeza que não causarão problemas para a Copa
do Mundo de 2014 e para a Olimpíada de 2016.
A privatização do Maracanã foi anunciada pelo governo no ano
passado. Neste ano, foi publicado o edital de licitação, que prevê, entre
outras coisas, a demolição do Estádio de Atletismo Célio de Barros, do Parque
Aquático Julio Delamare e da Escola Municipal Friedenreich, que fica ao lado do
estádio. São justamente essas obras as questionadas pelos promotores na ação
civil pública aberta nesta terça. "Merece ser registrado o risco de que a
demolição do Estádio de Atletismo Celio de Barros e do Parque Aquático Julio
Delamare venha a comprometer irremediavelmente o treinamento de vários atletas
brasileiros de ponta, durante uma etapa crítica de sua preparação para os Jogos
Olímpicos", adverte o MP, na ação. Para os promotores, a privatização do
Maracanã também deve ser paralisada pois gera um risco ao patrimônio público.
Conforme o UOL Esporte já noticiou, a concessão do complexo terá um custo R$
111 milhões ao Estado do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, dará um lucro de R$ 1,4
bilhão à empresa que assumir o espaço. O MP-RJ alega também que a privatização
gera riscos aos compromissos estabelecidos para a Copa do Mundo e para a
Olimpíada, além de estabelecer concorrência desleal, pois favorece a empresa de
Eike Batista. "De fato, a IMX figura em situação privilegiada no
certame", afirmam os promotores.
(Fonte: UOL)
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