Os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski,
presidente e vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), voltaram a
discutir de forma tensa na sessão de ontem. Barbosa ficou incomodado com o fato
de Lewandowksi ter mudado seu voto no recurso que discutia a imunidade
tributária da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Discussões
similares ocorreram no julgamento do mensalão.Iniciado em maio de 2011, o
julgamento era favorável ao entendimento de Barbosa, relator do caso, que
defendia a tributação. Em novembro, Lewandowski havia votado com o relator. Mas
mudou de ideia ontem. Alegou que recebeu DVDs de tributaristas com trechos de
seminários favoráveis à tese dos Correios e que passou a noite lendo os memoriais
desses profissionais.
"Isso é uma deformação do sistema de julgamento",
disse Barbosa. "O julgamento começa numa linha e, depois, forma-se uma
máquina nos bastidores para mudar o resultado", acrescentou o presidente
da Corte. "Eu recebi os DVDs que o senhor recebeu, mas, evidentemente, eu
não vou olhar para isso. Não é essa a hora de convocar um batalhão de
especialistas para mudar o resultado da Corte." Lewandowski imediatamente
contestou. Disse que é legítimo aos advogados apresentar memoriais e DVDs aos
ministros do STF. "Eu sou uma pessoa de mentalidade aberta. Recebi todos
os advogados e ouvi todos os memoriais antes de julgar", afirmou o
vice-presidente do STF. "A tradição dessa casa é que, enquanto o julgamento
não tiver terminado, qualquer ministro pode mudar o seu entendimento",
continuou para justificar a mudança de voto.
O vice-presidente jurídico dos Correios, Cleucio Santos
Nunes, disse que os Correios entregaram os DVDs a todos os ministros e que o seminário
não foi encomendado pela empresa. "Parece que só o ministro Joaquim
Barbosa não quis ver", disse.
(Fonte: Valor Econômico)
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