A produção de eletricidade a partir dos ventos no Brasil deve crescer
20 vezes entre 2008 e 2017, passando de 414 MW para 8.544 MW, segundo
os leilões realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Apenas em 2012, a capacidade foi ampliada em 456 MW e a perspectiva
para este ano são mais 2 mil MW (energia suficiente para iluminar 4,4
mil lares). Esse crescimento da oferta acelerou a partir de 2009, quando foi
feito o primeiro leilão exclusivo para a fonte eólica, com condições
financeiras específicas para a tecnologia. Desde 2004, porém, o Programa
de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) levou
à contratação de 54 parques eólicos, capazes de produzir 1.423 MW. Mas,
segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), duas condições
conjunturais dificultaram a expansão: ausência de competição na
fabricação de aerogeradores nacionais e o câmbio desvalorizado (3,6
R$/US$). Isso atrasou a entrada em operação desses parques, que deveriam
ter sido entregues em 2006. Desse programa inicial, 53 usinas entraram
em operação até o final do ano passado.
Atualmente, segundo a EPE, o Brasil passou a atrair investimentos por
causa da desaceleração das economias norte-americana e europeia, que
fez com que as indústrias de aerogeradores desses países ficassem
subcontratadas. Até 2007, o país tinha apenas uma indústria de
aerogeradores e agora passou a contar com oito fábricas de
equipamentos. De acordo com a EPE, os investidores tem sido atraídos também porque
as linhas de crédito dos bancos de desenvolvimento econômico, como o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco
do Nordeste (BNB), foram adequadas ao financiamento de parques eólicos e
para a instalação da indústria de máquinas.
Uso dos ventos complementa hidrelétricas
Além do baixo impacto ambiental, a entrada da fonte eólica na matriz
de produção de eletricidade no Brasil complementa o uso da
hidroeletricidade devido à sazonalidade do regime de ventos. Tanto na
região Sul quanto no Nordeste, que concentram a maior parcela do
potencial eólico, os ventos se acentuam no segundo semestre do ano,
época em que os rios apresentam as menores vazões e os reservatórios
atingem os menores níveis de acumulação. Isso aumenta a segurança no
suprimento de energia e permite que a geração eólica assuma o papel hoje
reservado às usinas termelétricas. O potencial eólico no Brasil é estimado em 272 TWh por ano, com
ventos de características adequadas ao aproveitamento energético. Os
parques eólicos têm aproveitado locais onde os ventos apresentam direção
relativamente constante e há vento com velocidade dentro de uma faixa
próxima a uma média relativamente elevada.
(Fonte: Arquivos da Gazeta)
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