Dez dias depois de dizer que é "ridículo" falar em racionamento de energia, a presidente Dilma Rousseff convocou reunião de emergência sobre os baixos níveis dos reservatórios, para depois de amanhã, em Brasília. A reunião foi acertada entre Dilma, durante suas férias no Nordeste, e o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que a presidirá. Balanço e propostas serão levadas diretamente à presidente. Na avaliação do governo, os níveis dos reservatórios estão até 62% abaixo dos registrados no ano passado e a situação tem piorado por causa do intenso calor, sobretudo no Sudeste.
Com temperaturas que chegam a 40 graus em cidades como o Rio
de Janeiro, o consumo de energia com ar condicionado, ventilador e refrigerador
tem disparado. Técnicos do setor acusam Dilma de estar centralizando as
decisões e dizem que, se o racionamento não é uma certeza, também não pode ser
simplesmente descartado. Um deles diz que o risco "está acima do
prudencial". Mesmo antes da reunião, já vinham sendo tomadas medidas
extras para garantir a produção de energia, como a reativação da usina de
Uruguaiana, parada desde 2009, e o acionamento a plena capacidade das usinas
térmicas, muito mais caras do que as hidrelétricas.
Uma é que a situação só não fugiu ao controle porque o
crescimento econômico de 2012 foi pífio, na ordem de 1%. Se tivesse sido de
4,5%, como previra o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o consumo da indústria
estaria bem maior e haveria risco imediato de faltar energia. A segunda ironia
é que a reunião governamental e o sinal amarelo pela falta de chuvas ocorrem
justamente quando enchentes assolam o Rio de Janeiro, deixando milhares de
desabrigados. Além da preocupação pontual, com o momento presente, o governo
teme que a situação se mantenha ao longo deste ano, pressionando todo o setor
no último trimestre e no início de 2014.
Quanto à Copa, há certa tranquilidade, porque os estádios,
preventivamente, estão sendo equipados com modernos e potentes geradores. Oficialmente,
estarão presentes ao encontro de quarta-feira os integrantes do CMSE (Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico), que é presidido pelo ministro das Minas e
Energia e é convocado, por exemplo, quando há apagões de grandes proporções, como
ocorreu mais de uma vez em 2012. Participarão a Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica), a ANP (agência de petróleo), a CCEE (Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica), a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e
o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
O CMSE se reporta ao CNPE (Conselho Nacional de Política
Energética), órgão de assessoria direta da Presidência da República. É possível
que também o conselho venha a ser convocado proximamente por Dilma para debater
a questão.
(Fonte: Folha de S.Paulo)
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